NA SALA DA CASA – Concurso de poesia do FLIT 2025

Eu sou de um tempo em que não havia televisão em casa… Minha família sentava na sala e um olhava para os olhos do outro, a gente conversava e tudo passava lentamente…
Fabio Flores – adaptado

Como o jovem de hoje em dia vivencia seu cotidiano e as transformações que ocorrem ao seu redor? Qual sua relação com a família, as mudanças sociais ou a sua própria casa?

O CONCURSO DE POESIA DO FESTIVAL DE LITERATURA E TEATRO 2025 – NA SALA DA CASA, por meio do estímulo à produção artística, teve como objetivo levar os alunos a refletir sobre as mudanças nos usos e costumes da sociedade no decorrer das últimas décadas, tendo como foco as alterações ocorridas na estrutura e nas vivências da sala de estar.

Para participar, os alunos postaram um poema com o tema do concurso em seu perfil do Instagram.

As produções foram analisadas por um comitê formado pelos professores Leonardo Buzatto, Marcela Dantas Camargo, Simone Pierri e Wagner Ceglio.

Os critérios utilizados para a escolha dos premiados foram a exploração do tema; a criatividade; a composição e a poeticidade.

O prêmio para os 3 melhores poemas foi entregue no dia 25 de outubro, durante o FLIT 2025.

O 1º lugar foi conquistado pela aluna Letícia Barbosa, do 1º ano do curso técnico de Automação Industrial.

Letícia Barbosa do Santos
Letícia Barbosa do Santos

Eis o poema escrito por ela:

A SALA DE ESTAR

Sabe o que me pergunto?
Vou falar sinceramente:
O que foi que aconteceu
Com toda essa gente?

Gente vazia,
Sem história para contar,
Vínculos quebrados
Que não podemos consertar.

Há anos me pergunto:
De onde vem a lembrança
De uma tarde feliz
Com toda a vizinhança?

Pessoas reunidas
Em uma só união,
Todas alegres
Com a chegada de um irmão.

Mas os tempos mudaram,
E agora acabou.
Não há mais o que fazer,
O ambiente mudou.

Sozinhos em seus cantos,
Sem querer conversar,
Eu me pergunto até hoje:
O que houve com a sala de estar?

Um ambiente tão bonito,
Onde sempre cabia mais um,
Agora um grande vazio
E sem som algum.

A mudança é nítida,
E o motivo também:
A culpa é das telas
E dos olhos que não veem.

Famílias afastadas,
Vidradas no celular,
Brigas eternas…
Já nem parece um lar.

Gostaria de descobrir
Quando tudo mudou.
O mundo se desfez,
E a união acabou.

Queria voltar
Para a época da lembrança,
Quando todos estavam aqui,
Quando eu era criança.

Poder voltar
A ver televisão,
Espremida no sofá,
Com o controle na mão.

Voltar a estar
Na minha casinha,
Onde me ensinaram
Que eu nunca estava sozinha.

Meu maior sonho
É isso tudo acabar,
E eu voltar a ser feliz,
Descansando na sala de estar…